De acordo com o Dicionário Aurélio, a palavra "Clássico" é definida por:
Se existe uma definição fria e calculista para o álbum de estréia dos Stone Roses, ela acabou de ser escrita, algumas palavras atrás. O disco homônimo é, sem dúvidas, um marco na história da música britânica.Considerado como um modelo do gênero: obra que se tornou clássica.
Criada em 1985 por Ian Brown (vocais), John Squire (guitarra), Mani (baixo) e Reni (bateria) na cidade de Manchester, a banda trilhou um dos caminhos mais curtos, porém, "eternos", do Reino Unido. Ao lado dos conterrâneos The Smiths, os Stone Roses entram, com absoluta certeza, no hall de bandas que precisaram de apenas poucos anos para construir histórias fascinantes e fãs absolutamente apaixonados. Um dos precursores do movimento apelidado "Madchester", o grupo tem em seu primeiro disco o maior alicerce do sucesso que banda conquistou ao longo dos anos.
O primeiro contato que tive com os Roses foi com a belíssima colêtanea "The Complete Stone Roses". Diferente do habitual, essa compilação foi bem recebida tanto por fãs como críticos. Com muitas b-sides e praticamente todas as músicas lançadas pela banda sob o selo da Silverstone (primeira gravadora), o disco contou com músicas remasterizadas e novidades por parte dos produtores da coletânea. Algumas faixas não tem os arranjos tradicionais (I Wanna Be Adored foi retirada do single do vinil de 7", portanto, está sem a belíssima introdução presente no disco original), porém, sem tirar a imponência das músicas que fizeram a banda ser referência para praticamente todos os artistas da era britpop.
Noel e Liam Gallagher, ex-integrantes do Oasis, já citaram diversas vezes os Roses como referência musical, daquelas que influenciam carreiras inteiras. Inclusive, Noel trabalhou, no ano de 2004, em uma música com o ex-Stone Roses Ian Brown, chamada "Keep What Ya Got" (você pode ver o vídeo de uma apresentação ao vivo dos dois aqui).
Normalmente o disco de estreia pode destruir ou impulsionar a carreira de uma banda. No caso dos Stone Roses, esse debute foi o que tornou a banda sinônimo de grandeza e belíssima música. Estar entre os melhores discos britânicos de todos os tempos é apenas o bônus para eles, afinal, fazer as músicas que todos já conhecemos é, convenhamos, coisa para poucos e talentosos artistas.
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Track by track
- I Wanna Be Adored - Talvez a maior (e melhor?) música da carreira dos Stone Roses. Introdução triunfal, com o baixo do magnífico Mani anunciando toda a maravilhosa jornada pela qual o ouvinte irá atravessar ao longo do disco. Letra emblemática que virou um dos hinos da música inglesa. Ian Brown em sua melhor forma, Roses em sua melhor forma.
- She Bangs The Drums - Mais uma vez Mani mostra toda a sua versatilidade musical. Uma música animada onde a banda, mais uma vez magnífica, está em sincronia do início ao fim. Uma das melhores de todo o álbum, sem dúvida nenhuma. Ou melhor, nas palavras de John Squire: "She Bangs The Drums é sobre esses breves momentos onde tudo acontece de repente. É como ficar acordado até de madrugada e assistir o nascer do sol com alguém que você ama." Quem sou eu pra discordar, certo?
- Waterfall - Bela música com uma bela letra. O riff na introdução é apenas um maravilhoso aperitivo do que John Squire faz com a guitarra durante toda a canção. Gosto dessa faixa principalmente pelo belo verso:"She'll carry on through it all, she's a waterfall". Ótimo!
- Don't Stop - É a versão demo de Waterfall com uma letra diferente. Detalhe: a melodia é tocada de trás pra frente.
- Bye Bye Badman - Nessa faixa o destaque é para Reni, que envolve toda a música com um belo acompanhamento na bateria. Foi inspirada pela Revolta dos Estudantes franceses em 1968.
- Elizabeth My Dear - Faixa curta com apenas 0:58 de duração e uma estrofe em toda a letra. Apesar do pouco tempo de música, é uma música interessante, com um belo arranjo de violão.
- (Song For My) Spun Pugar Sister - Foi a música que menos gostei em todo disco, mas nem por isso deixa de ser boa. Os backing vocals são interessantes e muito bem feitos.
- Made of Stone - Mais uma das ótimas músicas de toda a carreira dos Roses. Inspirada na morte do artista americano Jackson Pollock. Também foi a música que apresentou a banda pela primeira vez na rede nacional britânica de televisão (na famosa apresentação onde Ian Brown chamou o pessoal da BBC de "amadores", devido ao corte de energia que impediu que a banda continuasse a música).
- Shoot You Down - Mais uma vez John Squire mostra toda a sua destreza com a guitarra. Apesar disso, não é uma das minhas favoritas no disco.
- This Is The One - Música muito boa, uma das minhas favoritas. Ian Brown está radiante. Ótima
- I Am The Ressurection - No encerramento, a mais longa canção de todo o álbum. Seus oito minutos não são cansativos e cumpre com honras a função de terminar o épico disco dos Roses.
10/10
Melhor música
I Wanna Be Adored
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She Bangs The Drums
Curiosidades
-Os Stone Roses também tinham bom gosto quando o assunto era arte. Inspirados por Jackson Pollock, carregaram durante a curta carreira influências das obras do artista americano. Prova disso são as artes nas capas dos discos, feitas pelo guitarrista John Squire, baseadas nas pinturas de Pollock.
-Ainda no assunto arte, a capa do disco também recebeu o nome de "Bye Bye Badman". Traz algumas referências à Revolta Estudantil de 1968, na França. A mais óbvia é a faixa tricolor, mencionando a França. A outra são os limões espalhados pela capa. De acordo com os estudantes, o simples ato de chupar o suco do limão serviria como um antídoto para o gás lacrimogênio jogado pelos policias.